quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Celulares Simples ainda dominam mercado brasileiro


Fernanda Miguens não pretende comprar um smartphone pois sabe que não utilizará todas as ferramentas disponíveis
GUSTAVO STEPHAN / AGÊNCIA O GLOBO

Aparelhos que acessam a internet, gravam vídeos em alta definição, possuem lojas virtuais com milhares de aplicativos, enfim, funcionam como computadores de bolso. Mesmo com diversas funções oferecidas pelos smartphones, muitas pessoas se contentam apenas com o fundamental de um telefone: fazer e receber chamadas. 


De acordo com pesquisa do IDC Brasil, os celulares chamados tradicionais vão abocanhar 75,9% das vendas este ano. Apesar de ainda dominar o mercado, o setor está em queda livre. A previsão é que em 2012 a comercialização destes modelos caia 20,5%.
— O mercado de smartphones é recente no Brasil. Temos ainda um volume muito grande de telefones tradicionais. Existem aparelhos que custam menos de R$ 150 e vendem milhões de unidades — explica Bruno Freitas, analista do IDC Brasil.
Será a primeira retração anual registrada nas vendas deste tipo de celular, excetuando 2009, quando o comércio foi afetado pela crise. No ano passado foram vendidos 61 milhões de aparelhos, contra 48,5 milhões previstos para este ano. Segundo Freitas, a expectativa é que em 2015 os telefones inteligentes assumam a dianteira.
As vendas de smartphones não param de crescer. Em 2011 foram 8,9 milhões de unidades comercializadas e a previsão para 2012 é de 15,4 milhões, um salto de 73%. A participação no mercado vai passar de 12,7% para 24,1% este ano.
O Brasil segue a tendência mundial de declínio nas vendas de modelos simples. Isso pode ser observado pela configuração da indústria. A Nokia, que dominou o setor por muito tempo, foi ultrapassada este ano pela Samsung, que se tornou a maior produtora mundial de celulares, focada nos aparelhos com Android.
Vitrines escondem telefones simples
As operadoras de telefonia apresentam números ainda melhores para os telefones inteligentes. A TIM, por exemplo, informa que no segundo trimestre do ano eles representaram 78,7% das vendas totais. Freitas explica que as empresas adotam um tipo diferente de classificação e, com isso, inflam os números.
— Para a gente, o smartphone é o aparelho que possui um sistema operacional que terceiros possam criar aplicativos, que tenha um poder de processamento maior. Não é só ter um teclado QWERTY e acessar redes sociais. Como aconteceu uma modificação dos aparelhos tradicionais, as pessoas confundem muito. É um argumento de venda para gerar volume — avalia.
Nas lojas esse fenômeno é visível. Smartphones de todos os tipos, para todos os gostos e bolsos. Em um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro, um ponto de venda da Vivo exibe apenas quatro modelos de telefones tradicionais, escondidos em uma vitrine lateral. Em uma revenda Oi, a estimativa é que apenas três entre dez compradores levem aparelhos simples, de acordo com a classificação da operadora.
— A procura por smartphones aumentou muito, principalmente este ano. A rede investiu muito em publicidade — informou Lucilene Lima, gerente da loja. — Mas ainda aparece bastante gente querendo os aparelhos mais simples, principalmente as pessoas mais velhas.
Smartphones estão mais baratos
A aposentada Lita González, de 57 anos, é dona de dois aparelhos que utiliza apenas para fazer e receber chamadas e, de vez em quando, ouvir rádio. Ela reclama da dificuldade de encontrar celulares básicos, mas promete:
— Quando eu trocar, vou comprar o mais simples. Esses telefones novos são muito difíceis de usar.
Não são apenas as pessoas mais velhas que não se renderam às maravilhas prometidas pelos celulares inteligentes. A tradutora e mestranda em filosofia Fernanda Miguens, de 29 anos, usa o seu surrado Nokia para as tarefas básicas e não pensa em trocar por um telefone mais moderno.
— Não vale a relação custo x benefício. No meu caso, seria muito dinheiro para comprar um produto e não usar todas as ferramentas — diz.
O preço é uma questão que deverá ser resolvida em breve. Com a diversificação dos modelos, os telefones inteligentes estão cada vez mais baratos e já é possível, dependendo do plano adquirido, levar um de graça. Na tabela de venda para pré-pagos, a diferença ainda é grande. Na Oi, por exemplo, o celular mais básico, o Samsung E 1182 Duo, sai por R$ 129 e o smartphone mais barato, o Galaxy Y, custa R$ 359. Porém, existem aparelhos que ultrapassam a barreira dos R$ 2 mil.
Fonte: O Globo

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